domingo, dezembro 30, 2012

No te rindas, Benedetti

No te rindas

Mario Benedetti


No te rindas, aun estas a tiempo
de alcanzar y comenzar de nuevo,
aceptar tus sombras, enterrar tus miedos,
liberar el lastre, retomar el vuelo.

No te rindas que la vida es eso,
continuar el viaje,
perseguir tus sueños,
destrabar el tiempo,
correr los escombros y destapar el cielo.

No te rindas, por favor no cedas,
aunque el frio queme,
aunque el miedo muerda,
aunque el sol se esconda y se calle el viento,
aun hay fuego en tu alma,
aun hay vida en tus sueños,
porque la vida es tuya y tuyo tambien el deseo,
porque lo has querido y porque te quiero.

Porque existe el vino y el amor, es cierto,
porque no hay heridas que no cure el tiempo,
abrir las puertas quitar los cerrojos,
abandonar las murallas que te protegieron.

Vivir la vida y aceptar el reto,
recuperar la risa, ensayar el canto,
bajar la guardia y extender las manos,
desplegar las alas e intentar de nuevo,
celebrar la vida y retomar los cielos,

No te rindas por favor no cedas,
aunque el frio queme,
aunque el miedo muerda,
aunque el sol se ponga y se calle el viento,
aun hay fuego en tu alma,
aun hay vida en tus sueños,
porque cada dia es un comienzo,
porque esta es la hora y el mejor momento,
porque no estas sola,
porque yo te quiero.

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Gal Costa - Vou Recomeçar




Música boa pra chacoalhar o esqueleto e cantar aos berros esperando o ano novo.

Começando a fazer meu novo ano desde agora.

Feliz ano novooooo!

Vou Recomeçar
Gal Costa

Não sei porque razão eu sofro tanto em minha vida
A minha alegria é uma coisa tão fingida
A felicidade é já é coisa esquecida
Mas agora vou recomeçar

Não vou ser mais triste
Vou mudar daqui pra frente
E a minha escrita vai ser muito diferente
A filosofia vou mudar em minha mente
Pois agora eu vou recomeçar

Quero amor e quero amar
Quero a vida aproveitar
Talvez até arranje alguém
Alguém que eu possa acreditar
Pois agora eu vou recomeçar
E daqui pra frente eu vou mudar


domingo, dezembro 16, 2012

Dia de saudade



Hoje é dia 16 de dezembro. Aniversário da minha querida Dinda Rejane que há alguns meses foi pra um lugar melhor que a terra.

A dinda sempre foi uma pessoa de bem. sempre foi a nossa "Madre Teresa". Passava por cima de qualquer coisa que tivessem feito a ela, para ajudar,cuidar, proteger. Não sou tão boa quanto ela, mas também gosto de cuidar dos meus.

A Dinda movia céu e terra para que seus filhos, netos, sobrinhos, irmãs pudessem ficar bem.

Hoje ela está de aniversário.

Tudo que estudo e acredito sobre a nossa existência na Terra me faz crer que temos que celebrar. Celebrar a oportunidade de ter convivido com pessoa tão especial.

Que toda a alegria, flores e cores brilhem hoje por ti, Dinda.

Fazes falta aqui.

Mas tenho que certeza que estás bem. Porque és uma pessoa do bem.

Te amo.

Feliz aniversário!!!

quinta-feira, novembro 15, 2012

Amor maior do mundo!

E quando eu vi... passaram cinco anos.

Sempre que diziam “aproveita, passa rápido”, eu jamais poderia imaginar que era tão rápido.

Minha filha é uma menininha feliz, sapeca e falante com 5 anos de idade. Ela já sabe escrever o nome, cantarolar, mimar a bisa, jogar no computador, fazer pirraça e, especialmente, alegrar meus dias todos os dias.

Sempre perto do aniversário sinto como se fosse a expectativa do parto de novo. Toda a apreensão, o medo, o entusiasmo, a alegria... e o amor! Esse amor que não tem palavras que o definam. Não há como dimensionar ou explicar o que sinto ao pensar nesse ser agitado de lindos olhinhos verdes.

Minha menininha, minha amiga que anda cada vez mais grudadinha em mim.

Filha Mariana... agradeço ao Papai do Céu a doce experiência que tenho desde que resolvi que iria ser mãe. Agradeço por essa linda missão que tenho, que é a de te ajudar a crescer, como uma pessoa legal, solidária e querida. Mas, sobretudo, agradeço por tudo que aprendo e ainda tenho que aprender contigo. Te amo muito, muito, muito!

sábado, outubro 13, 2012

Escondida e desvelada

Tá faltando caixas, saquinhos e gavetas para guardar tudo o que não quero ver.

Todos os planos, projetos, sonhos que foram desfeitos. Preciso guardar. Esconder de mim mesma e não deixar que percebam que estavam aqui. Que bobagem! Todos sabem...

Aos poucos, chega o tempo de redesenhar. Mas por hora, preciso achar um canto pra escondê-los e pra me esconder.

Atrás da nuvem fico mais segura. Mas vira e mexe, o vento leva-a pra longe e me deixa aqui, desnuda com meu medo e minha dor.

Não que eu tema ficar desnuda. O problema é a dor. Desgraça que teima em reacender, tipo chama que não quer apagar. o Vento só reacende. e arde. e bagunça todos as peças do castelo que levei horas arrumando pra parecer em ordem.

è como criança que se esconde tapando só a cabeça, e jura que ninguém a vê. Assim estou... cabeça escondida, sorriso nos lábios, tudo indo, repito. E o corpo exposto. Com suas feridas e fissuras. E medos. E faltas. E nada.


domingo, setembro 16, 2012

Tempestade

A noite foi de tempestade em Pelotas. Desde a tardinha, raios e trovões dominaram o céu e o silêncio do Laranjal. Depois veio a chuva, durante toda a noite.

Agora, o dia de domingo está acinzentado e molhado. E os passarinhos, meus vizinhos preferidos, já cantam no pátio.

Estou aqui pensando na minha vida. Acho que o último ano tem sido um pouco como essa noite. Muitos raios, muitos trovões, vento e muita, muita água. Mas também tenho tido amanheceres calmos.

Tenho buscado aprender que o temporal passa. Pode demorar. Pode assustar e até desesperar... mas sempre passa. Depois dele, tenho que levantar os olhos e ver o que sobrou, as coisas que precisam ser arrumadas, enxugadas, excluídas. Mas, principalmente, reconhecer as coisas que foram lavadas pela chuva e levadas pelo vento.

Acho que tudo isso são aquelas reflexões que só o tempo nos faz entender.

Além de tudo, as tempestades, por vezes, trazem imagens belas como essa do Nauro Junior, querido amigo e retratista dos melhores.






quinta-feira, agosto 30, 2012

E lá se vai mais um dia...

Passaram 15 dias, desde a última postagem.
Tantas coisas.
Tantas dores.
Tanta saudade.
Me atrapalhei. De verdade. Por alguns momentos, achei que não daria conta. Na real, não sei se dei conta.
Sei que estou vulnerável. Dolorida, como depois de um longo esforço físico. Mas a dor é na alma.
Isso parece exagero. Mas é assim mesmo.
É muito complicado pra mim enfrentar meus limites, expostos a olho nu. Mas essa semana não deu. Precisei parar. Precisei desacelerar. Tentei juntar meus frangalhos.
Perder a dinda Rejane não foi fácil. Ver a vó sofrendo tanto é uma tortura.
Só resta orar, respirar e esperar um pouco.
Deus está conosco. Sempre. Isso é o que me alenta.
Mas dói.


sexta-feira, agosto 17, 2012

da janela lateral do quarto de dormir

Acabou a semana. Sobrevivi e bem. Com alguns arranhões e acho que com mais alguns cabelos brancos (sim, desde os 15 anos os cultivo), mas viva e com mais domínio das minhas coisas e vontades.

Agora, no fim da sexta-feira, antes de deitar, resolvi sentar na parte da minha casa que mais gosto e menos fico: a sacada do meu quarto.

Tem um vento gelado. O céu está nublado, não há nenhum estrela no céu.

Lembrei da primeira vez que sentei aqui. A casa ainda estava sendo construída. Cheia de material de construção pelo caminho. Estava quente. Acho que era janeiro. viemos olhar a obra e resolvemos sentar pra um mate. Tinha uma paz. Uma brisa. Eu estava com a sensação de estar em casa, pela primeira vez. E ela era muito melhor do que eu podia imaginar.

Naquela época, a vida já não era mais cor-de-rosa. Eu já tinha as minhas cicatrizes e já lutava pra que as coisas dessem certo. Mas aquela meia-hora de paz, traduzia o que desejava e desejo para minha vida, minhas relações: parceria, simplicidade, cumplicidade, lealdade.

De lá pra cá, foram muitas coisas boas e muitas outras amargas. Decepções, dores, desamores. Mas aquele desejo de uma felicidade baseada no simples, na troca, na verdade permanece em mim.

Ficou frio aqui. Vou deitar que amanhã é mais um dia pra viver e construir a vida.

sexta-feira, agosto 10, 2012

Bola neve

A vida não para... a vida é tão rara.

Nossa... estes últimos 12 meses trouxeram tantas mudanças, revoluções, transformações, mexidas no cotidiano, nas certezas, nas durezas...

É como se o apertar de um botão desencadeasse uma avalanche, uma espécie de bola de neve que ainda não parou e não tenho ideia de onde vai parar.

A cada momento que me parece que ela está cessando seu enrolar (e de me enrolar), algo acontece e ela torna a me envolver num turbilhão que tem me deixado sem ar.

Não é que eu tenha perdido o controle. é que percebi que nunca tive.

São aqueles momentos em que crescer é a única alternativa. Não existe outra opção válida nem dá pra voltar.

Não estou mal com isso. Mas um pouco cansada.

O momento agora é de me reconhecer nessa bola de neve. perceber o que é meu e deve ser tratado por mim e o que não é meu e deve seguir com a bola, quando eu conseguir pular.

Enfim... loucuras de um cérebro louco no início do recomeço.


Jorge Drexler - La nieve en la bola de nieve

sábado, agosto 04, 2012

Tempo de plantar e tempo de colher

"Regue as plantas, regue suas relacões, regue seu futuro, porque sem cuidar nada cresce." (Marta Medeiros)


Li a citação acima num post de algum amigo no Facebook. Gostei.

Concordo plenamente. Aquilo que amamos, pelo que temos afeto, necessita ser zelado, regado, cuidado.

É como aquela outra citação que diz algo como o mundo te devolve o que ofereces a ele. Exatamente assim.

Prezo muitos minhas relações. Penso que a algumas, deveria dispor de mais tempo. Mas nem sempre consigo, até mesmo por insegurança. Mas são importantes e cada uma tem um espaço importante e só seu na minha vida.

Tudo isso me fez pensar no respeito. Respeitar para ser respeitado. Ser digno de ser respeitado... Isso é para mim uma espécie de mantra diário.

Respeito o mundo que vivo. Meu ambiente de trabalho. Os animais. E, obviamente, respeito muito as pessoas com as quais partilho a vida. Mesmo as que, aparentemente, podem não parecer merecer mais meu respeito, ainda assim, não as desrespeito.

Por esta razão, nada me deixa mais fora da linha, do que sentir-me desrespeitada. Ou ver alguém sendo desrespeitado. Fico muito p da vida com isso.

Essa é uma das poucas coisas que me faz chorar em público. De raiva. De indignação.

Acredito que temos que plantar e cuidar relações mais respeitosas. O mundo vai ficar bem mais bonito. Vai ser melhor viver aqui.



Respeito
Arnaldo Antunes

O que está sendo feito
Pode ser de outro jeito
O que já se fez e bem feito
O que está sendo feito
Pode não estar direito
O que passou é perfeito
O que está acontecendo
Pode ter defeito
O que já foi eu aceito
O que está a contecendo
Pode ser de outro jeito
O que passou merece
Respeito


sexta-feira, junho 08, 2012

Sobre expectativas e frustrações...

Tenho muitos defeitos.

Alguns não machucam os outros, o que é bom. Mas me machucam bastante. Aí, passo a tentar lidar com eles de forma a amenizar seus efeitos catastróficos sobre meus sentimentos.
Colocar expectativa demais sobre as relações é um destes...

Tenho a infeliz ideia de achar que tudo é propaganda de margarina... as relações de trabalho, afetivas, amorosas.

E óbvio, não são. Longe disso.

Cada um com seu cada qual, vai levando a vida como pode. Cada um oferece o que tem e quer. E, raramente, ultrapassa-se essa possibilidade. Entendo isso perfeitamente. Racionalmente.

No dia a dia, sempre ofendo à oração de São Francisco de Assis, que diz "que eu procure mais consolar que ser consolado". no fundo, creio que se eu consolar, vou ser consolada... E isso, definitivamente, não é uma verdade.

Entre as minhas qualidades está a capacidade de ouvir e apoiar... cuidar, enfim. Gosto disso. Mas ser cuidada ainda é um desafio e ando até chata de tanto escrever sobre isso. Mas é pra ver se "introduzo a ideia".

Mas, voltando à propaganda de margarina... o que é mais sofrido, é pensar que a "FELICIDADE PERFEITA" não alcançada, é responsabilidade minha. Eita, formação pra culpa!

Aí, tudo isso é pra sugerir um vídeo que foi compartilhado por umas amigas lindas que encontrei nessa vida,, que trata dos mitos da maternidade (e da paternidade)... e que me fez refletir muito sobre essas "cargas de responsabilidade" que teimo em trazer nos ombros.

Trata-se de um casal, comentando os quatro tabus sobre a criação dos filhos. Muito bom. O vídeo está postado AQUI .

Vale a pena assistir.




domingo, junho 03, 2012

e o mundo gira...

check list da última semana...

festa de aniversário com amigões - OK!

festa de aniversário com a família - OK!

muitas aulas e atendimentos - OK!

assumindo desafios novos de novo - OK!

pré-lançamento do voo livre - OK!

percepção de que tem coisas que nunca mudam ligada - OK

cansaço e cura do cansaço - OK!

aníver da mãe - OK!

festa junina com minha linda - OK!

Apresentação da afilhada Adi e da Alice - OK!

Encontro com Dinda Ivete - OK

Reencontrar muitos queridos - OK

Sentir falta de outros - OK!

decisão de não me enlouquecer mais fazendo listas e listas - ainda vai ter que esperar... no fundo, gosto disso.

Obrigada a todos os queridos que partilharam essa semana enlouquecida comigo. Tive momento muito felizes Muitos doloridos... mas como la cigarra, sigo cantando... agora na versão 3.6!

segunda-feira, maio 28, 2012

Outra lista

Daqui a aproximadamente duas horas, completo 36 anos de vida. Vida boa. Privilegiada. Repleta de boas coisas. Boas gentes. Bons aprendizados. Como todas as vidas, com algumas pedras, dores e cicatrizes. Me esforço para aprender com elas e por algumas, consigo até agradecer, por todo o crescimento que proporcionaram. Este é um aniversário diferente. O primeiro depois de uma decisão difícil e necessária. Não foi/é/será/ fácil decidir pular do barco. soltar a corda. alçar voo. deixar pra trás as coisas que sonhamos e desejamos durante tanto tempo. Mas a idade, o tempo e as experiências tendem a trazer a maturidade e a necessidade de escolher e perceber que, às vezes, nadar contra a corrente não é a melhor opção. Nesse início de novo ciclo, minha lista é de agradecimentos. Ei-la:
1) à oportunidade de recomeçar sempre, nesta e nas outras vidas.
2) o amor que recebo e tenho a ofertar. o amor da Mariana. dos meus pais. de irmãos e amigos.
3) a presença na minha vida de duas mulheres importantes que representam todas as outras: mariana e vó Lourdes . Exemplo de marias...
4) ao rodrigo, que participou das minhas conquistas mais intensas. especialmente por partilhar a mariana comigo.
5) a oportunidade de ver a Lagoa, purpurinada.
6) ter amigos. Ter a Alessandra perto.
7) meu trabalho, que dá sentido e me faz sentir menos pior nesse mundo tão duro.
8) música.
9) lua.
10) ter aprendido a me mostrar fraca, por vezes.
11) ser forte, noutras vezes.
12) chimarrão, vinho e água.
13) música. pra dançar, pra pensar, pra chorar.
14) as manhãs que posso dormir um pouquinho mais.
15) as noites que consigo dormir, tranquilamente.
16) meu doce lar.
17) banho de mar.
18) banho de lua.

Com certeza, chegaria a 36 agradecimentos... mas por hora, multiplico as gracias por dois e vou nanar, buscando as forças pra mais 36 anos... pelo menos.

domingo, maio 20, 2012

Claricer

Transgredir, porém, os meus próprios limites me fascinou de repente. e foi quando pensei em escrever sobre a realidade, já que essa me ultrapassa. Qualquer que seja o que que dizer "realidade". O que narrarei será meloso? Tem tendência mas então agora mesmo seco e endureço tudo. e pelo menos o que escrevo não pede favor a ninguém e não implora socorro: aguenta-se na sua chamada dor com uma dignidade de barão. Do maravilhoso "A hora da estrela", da mais maravilhosa Clarice.

sábado, maio 19, 2012

Voo livre...

Há algum tempo, postei aqui que tinha tido uma tarde agradável, de reencontro com amigos, iniciando a construção de um projeto coletivo. Era a nossa primeira reunião (Letícia, Paulo e Alessandra) para pensarmos o livro do Deogar. Isso foi no dia 09 de julho de 2010. De lá pra cá, tivemos vários momentos bons, muitas idas e vindas. E finalmente, quinta-feira (dia 17 de maio) o livro ficou pronto. Neste período, juntaram-se e/ou aproximaram-se ao grupo de amigos outros queridos: Luiz Minduim, Alê Meirelles, Zeca Soares, Jairo Sanguiné e Antônio Cruz. Não sei dizer o que foi melhor. Ler as crônicas, reencontrar gente querida, pensar nos momentos em que vivemos na convivência com este querido Velho, que já está lá em lugar melhor que este. O fato é que está pronto. Teremos um pré-lançamento para os chegados nos ajudarem a custear a primeira edição e, em seguida, um lançamento oficial na Câmara de Vereadores, no espaço Deogar Soares.

segunda-feira, abril 30, 2012

FREJAT - AMOR PRA RECOMEÇAR




Inverno astral

Último dia de abril. Outono, ainda, portanto. Daqui a 28 dias, estou de aniversário. Pleno inferno astral. Mas eis que o clima pelotense resolveu me presentar com uma antecipação do inverno. E assim, estou transformando meu inferno astral em inverno astral, o que, para mim, adoradora do inverno, é muito agradável. Já comecei a hibernar no final de semana. Curtir a casa e deixar o sol matinal entrar pela janela para esquentar o lar. Tomar vinho. Até me atrever na cozinha, ando me atrevendo. Acho o inverno um bom momento para retiros. Me retirar de cena. Me retirar do embate. E simplesmente me aconchegar e saborear o frio. Com a proximidade do aniversário, começo a fazer minhas listas... amanhã ou depois, posto aqui.

segunda-feira, abril 02, 2012

Depressão de Domingo





Desde criança,o domingo a noite tinha um peso...

Os Trapalhões me divertiam mas, ao mesmo tempo, anunciavam que estava acabando o final de semana.

Depois, a vinheta do Tele-Domingo anunciava ou que meus amores viriam embora pra Pelotas, ou eu estaria indo para Porto, de volta ao Mestrado.

Ainda mais tarde, era o sinal de que faltavam poucas horas pra van me levar ao doutorado.

Amo meu trabalho e sempre amei estudar, desde criança. O problema não era esse. Mas o domingo a noite me angustia.

Há algumas semanas, um pouco mais. Ando com dificuldade pra deixar a onda passar e curtir o mar de coisas que aparecem quando a segunda-feira amanhece. Começo a segunda, carregando todo a carga da semana anterior, as mágoas que não estou conseguindo elaborar, por mais que me esforce.
E isso me tem tomado muita energia.

Tá complicado. Mas cada dia menos complicado.

Espero que o tempo passe.
Espero que a semana acabe...
Pra que eu possa 'me" ver de novo... (adaptado sem sua licença, Nando Reis)

segunda-feira, março 26, 2012

O que te faz feliz?

A música postada abaixo, se não estou enganada, foi de um comercial. Mas faz pensar. O que nos faz felizes?
Minha lista de respostas pra essa questão não é longa. Nem difícil.

1) ter a Mariana na minha vida. Suas descobertas. Seu sorriso. Sua dança rebolativa.

2) Mudar um pouquinho o mundo de alguém.

3) Chorar de rir. Sinceramente.

4) Surpresa.

5) Flores na casa.

6) Café na cama.

7) Olhar a lagoa brilhando.

8) Sentir o mar e o sol no rosto num dia de verão.

9) Sentar na frente da lareira no inverno.

10) Me sentir amada.

11) Acordar achando que estou atrasada e ver que ainda tenho mais uma hora de sono.

12) Ouvir boas músicas.

13) Claro... ver a lua nascer.



O Que Faz Você Feliz?
Seu Jorge

O que faz você Feliz?
O que faz você feliz?
O que faz você...

A lua, a praia
O mar, uma rua
Um doce, uma dança
Paixão, dormir cedo

Comer chocolate
Passear na cidade
O carro, o aumento
a casa, o trabalho

O que faz você feliz?
O que faz você...

Arroz com feijão
Matar a saudade
Goiabada com queijo
Um amor, um desejo.

Um beijo na boca,
um dia de sol,
viver um romance,
jogar futebol

O que faz você feliz?
O que faz você feliz?
O que faz você feliz?
O que faz você feliz?

sábado, março 24, 2012

Calvin e a borboleta...



E ai, como nada é por acaso, me deparo com essa do Calvin. Mas não quero prender as borboletas, não... só voar com elas!

Felicidade e borboletas...



"A felicidade é como uma borboleta. Quanto mais você a persegue, mais ela se esquiva. Mas se você voltar sua atenção para outras coisas ela virá pousar calmamente nos seus ombros." (Thoreau)


Essa frase me acompanha há muitos anos. Acredito muito nisso.

Entretanto, ando inquieta. Cansada de esperar que as borboletas resolvam pousar. Não conseguindo dar tempo ao tempo. E, por vezes, correndo desengonçada atrás delas.

Ser feliz é paz de espírito. Para estar feliz, tenho que ter capacidade de aquietar a alma, os pensamentos, o coração, o relógio. Mas como fazer isso em dias tão atropelados e sobrecarregados?

Gosto de observar as pessoas que lidam com o tempo de jeito diferente. Sem pretensões. Sem esperar que cada dia seja o dia D. Admiro com certa inveja. E sigo, incompetente na tarefa de aprender com estas práticas. No meu cotidiano, tenho o prazer de conhecer muitas pessoas assim. Que vivem. Simplesmente, vivem.

Já eu, tenho pressa. Tenho sede de transformação. E não tenho mais a energia que tinha antes pra fazer essas transformações acontecerem.

Acabo por concluir que o que tem afastado minhas borboletas é essa minha mania de querer ser feliz a qualquer custo. De querer controlar o tempo. De querer ser dona do meu tempo.

E aí, me vem o Rubem Alves e diz:

"
Ricardo Reis disse a mesma coisa num poema mais curto: "Dia em que não gozaste não foi teu:/ Foi só durares nele. Quanto vivas/ Sem que o gozes, não vives./ Não pesa que amas, bebas ou sorrias:/ Basta o reflexo do sol ido na água/ De um charco, se te é grato./ Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas/ Seu prazer posto, nenhum dia nega/ A natural ventura". Beber o encanto de estar no mundo! Não importa que ele nos venha em pequenos fragmentos de alegria, de riso, de compaixão, de amizade, de silêncio, arroz e feijão, o abraço de amor, a poesia, as coisas do dia-a-dia. Se você não sabe sobre que estou falando, por favor, leia a poesia de Adélia Prado. São sacramentos, fragmentos de uma felicidade que nos toca de leve, para logo se ir. A felicidade é assim, não é coisa grande que vem para ficar. Sabe disso Guimarães Rosa, que dizia que ela só acontece em raros momentos de distração. Mas é justo assim que Deus vem, quando estamos distraídos, eternidade num grão de areia, reflexo do sol ido na água de um charco." Esta crônica está num blog que chama "Felicidade só é real quando compartilhada"


É... vou seguir aqui pensando.

quarta-feira, março 21, 2012

Sentido na vida é amar sem medida...

O Que É Que Tem Sentido Nesta Vida
Vinicius de Moraes

O que é que tem sentido nesta vida
Não vai ser casa e comida
Cama fofa, cobertor
Não vai ser ficar mirando os astros
Ou então andar de rastros
Pelas sendas do senhor

Para muitos é o dinheiro
Ir de janeiro a janeiro
De pé no acelerador
Eu sinceramente, preferia
Uma vida de poesia
Na vigília de um amor

Há quem creia em ter status
Sair em fotos & fatos
Ter ações ao portador
Eu só acredito em liberdade
E estar sempre com saudade
De viver um grande amor

segunda-feira, março 19, 2012

domingo, março 18, 2012

Desabafo e lamentos




Há um tempo assisti um filme em que uma mulher acordava e haviam apagado seu passado... todas as lembranças que ela tinha, casamento, filhos, etc, eram desconfirmadas pelas pessoas. Ela enlouquecia tentando recuperar tudo aquilo que tinha construído e conquistado ao longo da vida...

Exageros a parte... mas me sinto assim em alguns aspectos.

Como lidar com o fato de não reconhecer pessoas com quem se dividiu e planejou tudo na vida?

Como deixar pra trás "amigos", "parentes", planos, tudo porque uma parte do previsto não deu certo?

Acho tudo muito estranho.

Nada mais comum nos dias atuais do que relacionamentos não darem certo e as pessoas recomeçarem seus percursos. Mas daí a desmoronar todas as coisas construídas ao longo de anos... isso realmente eu não poderia pensar como possível.

Estou chocada.

Estou com a mais absoluta certeza de que chega um momento em que as coisas terminam. Mas não acho que junto com o relacionamento precise terminar o respeito, a dignidade, a parceria...

Isso me deixa profundamente triste.

Isso me deixa profundamente decepcionada.

O mais complicado é a obrigatória convivência...

Mas vamos em frente... já passei (passamos juntos, inclusive) coisas bem piores... e sobrevivi.

Lamento não poder mais levar as boas lembranças, como planejamos.

Lamento não levar em consideração mais nada...

Vou fazer um esforço sobre-humano para conseguir dividir o que tenho de melhor na vida... que ironia...

Fui... (tarde).

Andréa

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Desarrumação

Qual a fronteira entre o que foi e o que já não é?

Nos últimos dias, tenho me dedicado, lentamente a organizar minha casa... esvaziar prateleiras... limpar, descartar, doar, guardar, esconder coisas de mim mesma. Colocar outras em evidência.

Organizar as coisas externas ajudam a organizar as coisas internas. Sempre foi assim comigo. Nos meus períodos mais conturbados, o quarto, o guarda-roupa, o escritório apresentavam-se bagunçados.

Não sou nenhuma "super" organizada. mas se a bagunça do lado de fora está demais, por dentro nem se fala.

Me dou conta que essa baderna estava assim há anos. Tinha minhas desculpas... o doutorado, a gravidez e o repouso forçado. a Mariana recém-nascida... a volta ao trabalho... e ía deixando a casa e a vida, revirada.

Cansei disso. Cansei de fingir não ver que a fechadura estava estragada. A luz queimada. A gaveta bagunçada. E comecei a colocar as coisas em ordem. Na minha ordem não tão ordenada assim...

Além de cansar, tais arrumações desarrumam muitas coisas e causam uma certa dor.

Vou em frente. Buscando tomar decisões que me deixem mais em paz. Mais perto da Mari... com mais oxigênio.

No meio do processo, revelações irônicas de desconhecimento do outro. Mas sobrevivo em meio às pilhas de mim mesma e meus pedaços que andam espalhados por aqui.

"Só me deixe aqui quieta... isso passa. Amanhã é outro dia"


quinta-feira, fevereiro 23, 2012

...

O que dizer diante do espanto?

Triste...

domingo, fevereiro 05, 2012

Cuidado e zelo



Cuidado. Uma das palavras e atitudes que mais me tocam.

Há quatro anos, um pouco mais na verdade, ganhei/conquistei a responsabilidade de cuidar um serzinho que é o que me faz respirar todo o dia.

Cuidar pra que cresça feliz. Cuidar para que não se machuque. Cuidar para que não machuque os outros. Ou as plantas. Ou o gato...

Cuidar é um movimento dialético. É dizer sim e não. É permitir e negar. É brincar e falar sério.

Sou cuidadora por natureza. Minha profissão é cuidadora. A área que mais gosto de atuar (saúde) é cuidadora. Meus relacionamentos se complicam porque sou a cuidadora de tudo e todos, e nem sempre isso é fácil. acabo não sabendo ser cuidada, quando mais preciso. Mas isso é papo pra outro texto.

Agora, cuidar de filho (filha, no caso)é uma arte.

Algo como estudar mandarim. Ou logaritmos. Mas muito, muito mais prazeroso.

Agradeço a Deus e à minha filhota diariamente por esse aprendizado constante.

Quanto aos erros, peço desculpa, sou uma mãe em formação.

sábado, janeiro 28, 2012

Fofocada

Deitada no meu braço, de manhã:

- Mãe, estás me fofocando. Sabe o que é fofocar? É deixar a pessoa sem falta, sem ar...

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Mariana e o repelente

Fomos passear de carro na praia. Mariana comeu um krep da tia Tata de chocolate (maravilhoso... só no Laranjal tem).
Como sempre, Mariana falando, falando, comentando, perguntando...
De repente, diz, pensativa:
- Tomara que tenha repelente dentro da minha barriga...
- O que, filha?
- É, mãe... já pensou se tiver mosquito lá comendo as minhas comidas?
- Como assim?
- Ué... mosquitos dentro da barriga. COmendo a minha comida.

Simples assim... Que isso agora?

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Pra onde vai a água da chuva?




Respeito (Arnaldo Antunes)

O que está sendo feito
Pode ser de outro jeito
O que já se fez e bem feito
O que está sendo feito
Pode não estar direito
O que passou é perfeito
O que está acontecendo
Pode ter defeito
O que já foi eu aceito
O que está a contecendo
Pode ser de outro jeito
O que passou merece
Respeito


Pra onde vai o respeito? As coisas vividas? as estórias contadas?

Pra onde vai a água da chuva depois da chuva?

Em que momento a luz se apaga? Quando a página é virada?

Tenho muita dificuldade em compreender o que passa na cabeça das pessoas e a forma como lidam com as coisas e dificuldades das pessoas. A escolha pelo mais doído. A opção pelo caminho mais tortuoso... Em nome de que?

"Espero que esse tempo passe". Cansei.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Paraninfa...

Me formei em Serviço Social em 1998. Em 1999, entrei no Mestrado e, em 2000, na Prefeitura, iniciando, efetivamente, meu exercício profissional. No ano seguinte, comecei a lecionar na UCPEL, primeiro Sociologia, substituindo o amigo Antônio Cruz, que estava fazendo doutorado. Depois, lecionando no curso de Serviço Social.

Hoje, iniciam as solenidades da formatura da turma que me escolheu como PARANINFA. Não sei explicar o significado disso na minha vida. Não na vida profissional. Mas na vida, como um todo.

O que torna isso mais especial, é que esta turma de colegas que amanhã estará recebendo seu diploma foi, talvez, a que me viu mais por inteiro.

A turma que me viu enfrentando todas as inseguranças de mãe que deixa um bebê em casa e vai trabalhar e se pega falando, falando no rebento.

Me viu passando por muitas metamorfoses, especialmente a de aprender a rir mais de mim mesma...

Me conheceu experimentando coordenar um curso em crise. Lidar com conflitos pessoais, profissionais, de ego, superego e tudo mais.

E ainda assim, me presta essa homenagem. Me provando, que ser, essencialmente ser, é o melhor jeito de sermos felizes nesta vida.

Obrigada, queridas. Amo vocês!

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Cuida de Mim




Sou uma pessoa cuidadora. Cuido dos meus amores e afetos como leoa. Escolhi uma profissão cuidadora. Mas ainda tenho a estúpida dificuldade de ser cuidada. Tarefa importante colocada para 2012. Ao embalo de O Teatro Mágico...


Cuida de Mim
O Teatro Mágico
Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou;
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.
Cuida de mim enquanto não esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto finjo, enquanto fujo.
Basta as penas que eu mesmo sinto de mim
Junto todas, crio asas, viro querubim
Sou da cor, do tom, sabor e som que quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão que te faz dormir
Quero mais, quero a paz que me prometeu
Volto atrás, se voltar atrás assim como eu.
Busquei quem sou
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo, enquanto finjo.

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Quero jogar frescobol com a vida


Gosto muito do Rubem Alves. Dos seus textos sobre educação. Sobre ensinar e sobre aprender. Mas ainda gosto mais dos textos em que ele fala simplesmente da vida.

Um dos meus textos prediletos, chama Tênis x Frescobol, que vou postar em seguida mas que está disponível aqui, na Casa de Rubem Alves . Nesse texto, brilhantemente, Rubem aborda a diferença entre duas formas de se jogar no casamento.

Hoje, mateando na Praia do Santinho, várias duplas se divertiam jogando frescobol, "esporte" típico da praia. Inevitavelmente, lembrei do texto e fiquei pensando o quanto a vida nos obriga a jogar tênis, quando o que mais se quer é brincar de frescobol.

Pensei em vários episódios que me fizeram endurecer o jogo. Levar mais a sério a jogada e esperar o contra-ataque ... que bestagem...

Quero e preciso relaxar. Meu pescoço pede isso. Minhas articulações clamam por isso... pensar no frescobol pode ser um começo.



Tênis x Frescobol

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?\' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\' não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...(O retorno e terno, p. 51.)

Ausência




A sensação de ausência, vira e mexe, se apresenta. Não se trata de uma ausência específica.. De uma pessoa específica... mas um vazio.

Essa poesia do Vinicius é capaz de transmitir tal sensação com tamanha genialiadade, que fico sem palavras para explicar...

Só é possível sentir..

Ausência
Vinicius de Moraes

Eu deixarei que morra em mim
o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar
senão a mágoa de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença
é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto
existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar
uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como nódoa do passado
Eu deixarei...
tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite
e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa
suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só
como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém
porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente,
a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Adriana Calcanhotto - Esquadros





Essa música me lembra de uma época em que me sentia muito só.

Me sentia andando pelo mundo, prestando atenção em coisas que, talvez, só eu reparasse...

volta e meia essa sensação volta...

domingo, janeiro 08, 2012

Mariana nas férias







Eu e a Mariana estamos em Florianópolis, desde sexta passada.
Super bem recebidas pela dinda Clau e pelo Samuca e com a companhia da vó Mimy.
Contei pra ela a estória da Princesa Florinda... que mora numa das ilhotas na Praia de Ingleses.
Essa princesa é linda. Cuida do mar. Das praias. Faz a Ilha ficar ainda mais linda.
Mas, se as crianças ou adultos não se comportam, ela esconde o sol... e faz ficar frio.
Hoje fomos na praia... brincamos muito, E a Mari, como sempre, teimou bastante. Mas se divertiu ainda mais.
A tardinha voltaríamos à praia e iríamos ver a lua nascer. Mas começou a chuva
Ela e a dinda tinham combinado de tomar banho de chuva. e desceram correndo para aproveitar a refrescante chuva de verão.
Mariana gritava: viva a Florinda! Viva a Florinda...
E arquitetava com a Dinda que iria fazer bagunça todo o dia pra chover sempre...

Mil...

Acabo de ver que o blog teve 1000 visualizações. Poucas nesse louco mundo virtual. Muitas pras minhas loucuras reais. sejam sempre bem-vindos(as)!
baby