segunda-feira, setembro 18, 2006

Começou...

E a casinha começa a ser erguida. Dia histórico esse... 19 de setembro de 2006.
Agora vai.
(Enquanto isso, construo a tese).

sexta-feira, setembro 15, 2006

Casinha no alto do morro...


Após uma longa odisséia... assinamos o contrato para a construção da nossa casinha.
Foi complicado. Foi sofrido. Por vezes, parecia que não ía dar... Mas deu.
Agora é só construir... colocar os gravetos... um a um... e fazer o ninho...

"Fazer uma casinha
No alto do morro
Foi tudo que eu pedi pra Jah
Sair dessa cidade
Soltar o meu cachorro
Fugir da Babilônia..."
(Armandinho)

terça-feira, setembro 12, 2006

O grito (Edvard Munch)



Parece que encontraram esta maravilha. Havia sido roubada... Algum cretino que acha que arte é só pra ele...
Esta obra representa um pouco como me sinto, às vezes...

A loucura está solta...

A rede de atenção à sáude mental de Pelotas está passando por uma crise. Trata-se de uma crise institucional e política. Ainda que os serviços existam (e não são poucos), que existam muitos profissionais, etc, a cidade está perdendo seu caráter antimanicomial... A "reforma psiquiátrica" tem-se mostrado mais reformista e menos transformadora. Às vezes, parece uma simples troca de lugar. Vários minimanicômios (capscômios). De maneira nenhuma critico o esforço dos trabalhadores, usuários e familiares em constituirem estes serviços como espaços alternativos ao hospital psiquiátrico. Mas penso que estamos longe - muito longe - de consolidarmos a reforma por aqui.
Há poucos dias, o CAPS Csstelo lançou um manifesto, visto que, devido às más condições do prédio foram deslocados para uma outra casa. O Manifesto foi uma forma de tentar garantir o retorno ao prédio após a reforma. Penso que devemos lutar sempre e de forma total. Não podemos fragmentar as lutas, as equipes, as categorias, etc. Nada mais institucionalizante e manicomial do que isto.
Espero que os mentaleiros acordem e voltem a lutar. A construção de uma outra relação com a loucura se dá diariamente, cotidianamente e nas pequenas relações.

Reabilitar a quem???

Há um pouco mais de um ano, tive a possibilidade de enxergar, com olhos mais crus, a realidade do que, até então, eu via com olhos ingênuos nos serviços de reabilitação psicossocial. Para conseguir ver, foi necessário que me esfregassem a realidade nos olhos e que me sacudissem até sentir doloridas todas as minhas articulações. Foi uma experiência terrível. Fiquei sem chão. Me faltou o ar. Experimentei uma sensação inexplicável de morte.
De fato, algo morreu depois daqueles dias.
Hoje, alguém importante morreu. Essas letras custam a sair para compor tão duras palavras. Hoje, se foi alguém que representava uma possibilidade real de refazer a vida, de reabilitar os seres humanos. Não os que experimentaram a loucura e o tratamento para a loucura. Mas a possibilidade de reabilitar àqueles que tratam a loucura, que imaginam-se capacitados para entender e cuidar do louco. Foi-se alguém que acreditava e que usava sua sanidade para buscar construir uma outra relação com a loucura. Alguém que não conseguia engolir a seco as crueldades de uma sociedade que exclui, segrega, oprime, ofende, magoa, maltrata, não só aos ditos loucos, mas a todos que de uma forma ?louca? acreditam ser possível construir um outro mundo.
Fica um vazio. Um grito mudo. Um movimento inerte.
De certa forma, o mesmo vazio que senti há um ano atrás. Por outro lado, um vazio ainda mais profundo.
Sinto-me privilegiada pela convivência, pelo aprendizado, pela frágil força desta pessoa tão especial.
Espero que um dia, nós, os técnicos, os sãos, os racionais, possamos nos dar contar de que, quem precisa se reabilitar nessa relação somos nós e nossas teorias inúteis, estéreis e preconceituosas e que possamos aprender que o afeto, a convivência, a troca e o cuidado são as principais tecnologias a serem utilizadas nesse cotidiano com a loucura.

(Pelotas, 21/07/06)
Para o seu Almiro... saudade e respeito.
baby