sábado, março 24, 2012

Felicidade e borboletas...



"A felicidade é como uma borboleta. Quanto mais você a persegue, mais ela se esquiva. Mas se você voltar sua atenção para outras coisas ela virá pousar calmamente nos seus ombros." (Thoreau)


Essa frase me acompanha há muitos anos. Acredito muito nisso.

Entretanto, ando inquieta. Cansada de esperar que as borboletas resolvam pousar. Não conseguindo dar tempo ao tempo. E, por vezes, correndo desengonçada atrás delas.

Ser feliz é paz de espírito. Para estar feliz, tenho que ter capacidade de aquietar a alma, os pensamentos, o coração, o relógio. Mas como fazer isso em dias tão atropelados e sobrecarregados?

Gosto de observar as pessoas que lidam com o tempo de jeito diferente. Sem pretensões. Sem esperar que cada dia seja o dia D. Admiro com certa inveja. E sigo, incompetente na tarefa de aprender com estas práticas. No meu cotidiano, tenho o prazer de conhecer muitas pessoas assim. Que vivem. Simplesmente, vivem.

Já eu, tenho pressa. Tenho sede de transformação. E não tenho mais a energia que tinha antes pra fazer essas transformações acontecerem.

Acabo por concluir que o que tem afastado minhas borboletas é essa minha mania de querer ser feliz a qualquer custo. De querer controlar o tempo. De querer ser dona do meu tempo.

E aí, me vem o Rubem Alves e diz:

"
Ricardo Reis disse a mesma coisa num poema mais curto: "Dia em que não gozaste não foi teu:/ Foi só durares nele. Quanto vivas/ Sem que o gozes, não vives./ Não pesa que amas, bebas ou sorrias:/ Basta o reflexo do sol ido na água/ De um charco, se te é grato./ Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas/ Seu prazer posto, nenhum dia nega/ A natural ventura". Beber o encanto de estar no mundo! Não importa que ele nos venha em pequenos fragmentos de alegria, de riso, de compaixão, de amizade, de silêncio, arroz e feijão, o abraço de amor, a poesia, as coisas do dia-a-dia. Se você não sabe sobre que estou falando, por favor, leia a poesia de Adélia Prado. São sacramentos, fragmentos de uma felicidade que nos toca de leve, para logo se ir. A felicidade é assim, não é coisa grande que vem para ficar. Sabe disso Guimarães Rosa, que dizia que ela só acontece em raros momentos de distração. Mas é justo assim que Deus vem, quando estamos distraídos, eternidade num grão de areia, reflexo do sol ido na água de um charco." Esta crônica está num blog que chama "Felicidade só é real quando compartilhada"


É... vou seguir aqui pensando.

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baby