segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Roda viva


Em dezembro de 2017, encerrei minha vida como docente da UCPEL. Desde meu ingresso na Graduação, em 1995, com pequeno afastamento no período do Mestrado, a UCPEL, os alunos, funcionários e colegas, seus corredores, seus sons e silêncios, fizeram parte cotidiana da minha vida.

Vivi na UCPEL minhas maiores alegrias e as minhas piores tristezas.

Vivi meus amores e desamores. Me tornei a mulher que sou hoje. Militei pelas causas que acredito. Defendi a formação profissional presencial e de qualidade, com objetivo de transformação social em cada um dos dias destes 22 anos.
Mais da metade da minha vida, vivi na UCPEL.

Passados 2 meses da minha demissão, consigo, agora, pensar melhor em tudo isso. Consigo verbalizar que não sou mais professora da UCPEL. Difícil… “Descolar” este selo na minha apresentação de quem sou não é nada fácil. Mas, como acredito que tudo na vida tem um motivo, estou aproveitando este período para reorganizar minhas prioridades.

No final de semana, participei, como Professora Homenageada, da solenidade de formatura dos alunos da turma 2017/2. Ali, mais uma vez, relembrei cada trajetória, cada história, cada batalha daqueles alunos/colegas e lembrei, de novo, do slogan de outrora “quanta vida passa por aqui”.
Trabalhei duro para que isso nunca fosse esquecido. É com vidas que lidamos na formação. As “vidas” que passam pela UCPEL precisam ser cuidadas, regadas, protegidas… num processo maluco da roda-viva que impõe prazos, cobranças, números.

Agora estou aqui, me redescobrindo temporariamente fora da docência. Fazendo um balanço das escolhas feitas, das alianças construídas.

Aprendi muito na docência. Muito mais do que ensinei. Aprendi que não precisava ser perfeita. Que, aos pares, as dores são superadas. Que é possível e necessário remar contra a corrente, se a corrente estiver te levando para um lugar que não acreditas. E, principalmente, aprendi que a vida segue… mas que as coisas que plantamos ficam. Acredito que fiz a diferença dentro dos meus limites. E levo comigo a gratidão eterna por todos e todas que partilharam suas conquistas comigo.

No mais, desejo vida longa à UCPEL e, especialmente ao Curso de Serviço Social. Que não perca a essência: formar profissionais comprometidos com a transformação social, com as pessoas, com as vidas, respeitando os trabalhadores e trabalhadoras que fazem com que isso seja possível.


“A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá” (Chico)
baby