sexta-feira, agosto 23, 2013

Descasar

Aí, chega um dia - ou uma noite - em que dá vontade de escrever sobre os processos que temos atravessado.

É como quebrar uma maldição. Ou quebrar o feitiço. Se não verbalizarmos, escrevermos, ou registrarmos de algum modo, o feitiço não passa. O monstro não some. A dor não cessa.

Encontrar alguém. Dividir a vida. Doar parte da nossa própria vida. Compartilhar a melhor coisa da vida. Enfrentar as coisas mais tristes da vida. E desencontrar esse alguém.

Como tudo, não há receita ou caminhos preditos para trilhar estas etapas. São muitas as questões a serem digeridas, compreendidas, aceitas, cicatrizadas.

Eu sempre pensei que um relacionamento, seja do tipo que for (amizade, compromisso profissional, amor) precisa ser livre. O contrato tem de ser por livre escolha de ambas as partes envolvidas. Precisa ser, predominantemente bom.

Num relacionamento afetivo, há que se emparceirar. Não trata-se de completar. Às vezes, o desencaixe é o dispositivo para que a coisa ande e torne-se desafiadora.

Também pensei que o fim de uma relação, precisa ser respeitoso. Claro que sempre pensei que doeria, seria difícil. Mas, assim, como crio imagens fantasiosas de uma relação "perfeita na sua imperfeição", pensei que acabar poderia ser mais fácil. Definitivamente, não foi. Não é.

Mas pra onde vai tudo quando acaba?

Onde guardar os espantos que o processo de separar-se do outro vai proporcionando? como é possível separar?

Fico pensando que a palavra mais apropriada aqui seria ... não sei. Redescobrir? cobrir? Será que é possível separarmos dos que nos tornarmos?

o fato é que é preciso lidar com essa nova etapa. É preciso olhar pra frente, carregando o que éramos e o que nos tornamos. E, em determinado aspectos, é detestável, mas não intransponível.



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