Te olho nos olhos e você reclama que te olho muito profundamente.
Desculpa.
Tudo o que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem eu sou.
E você, foi me tirando os espaços entre os abraços.
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre.
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir pra me resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade de eu me inventar de novo...
Desculpa se te olho profundamente
Rente a pele.
A ponto de ver seus ancestrais nos seus traços.
A ponto de ver a estrada muito antes dos teus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias dos meus fracassos.
Eu não vou renunciar a mim, nenhuma parte.
Nenhum pedaço do meu ser vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer te olhando profundamente.
(Adaptação da Ana Carolina. Texto do Carpinejar e Boris Pastenark)
Ouvi este poema no DVD da Ana Carolina... Poderia, ter sido escrito por mim.
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