sexta-feira, março 08, 2019

o 8 de março pessoal



Além de tudo que o 8 de março representa e que considerei no post anterior, o dia 8 de março pra mim é um dia complexo. Já foi difícil. Hoje o defino como complexo.

Foi num 8 de março que vivi uma das piores dores da minha vida, há 13 anos. Também foi num dia 08 de março que tive uma Trombose Venal Profunda há dois anos. Nestes dois 08/03, vivenciei transformações espetaculares. Aprendi a me mostrar despetalada, frágil, doída e doida. Foram duas ocasiões extremamente trágicas, mas que, com o tempo, me fortaleceram.

Mesmo assim, hoje ainda dá um frio na barriga quando penso nesta data. As cicatrizes repuxam, coçam, incomodam. Os olhos teimam em ficar marejados. Mas a data serve para que eu perceba tudo que já mudei e melhorei desde então e me lembra que é preciso seguir me virando, como posso, imperfeita e forte. Cheia de qualidades e fraca. Mas sempre em frente.


"Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe..."

8 de março

Dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Este é um dia de luta das mulheres pela igualdade de direitos, pelo fim da violência, por igualdade de salários, pelo fim da exploração, enfim... marca a luta das mulheres pela sobrevivência em um mundo machista, opressor, desigual.

As mulheres enfrentam, dia-a-dia, batalhas cotidianas, que parecem ser somente suas: Luta para conciliar duas, três, quatro jornadas de trabalho e o cuidado e criação dos filhos. Embates com ex-maridos/companheiros, pais de seus filhos para que participem, minimamente, do processo complexo que é criar uma criança. Falta de respeito e reconhecimento no trabalho, pelo simples fato de ser mulher. Uma violência diária e constante que impõe aos corpos femininos padrões inalcançáveis de beleza. Medo e horror diante de companheiros e/ou desconhecidos que pensam que podem tocar, abusar e violar seus corpos pelo simples fato de serem femininos. O silenciamento ou simplesmente a não-escuta de suas vozes por seus pares, inclusive, por outras mulheres... e tantas outras formas de opressão que não conseguiria enumerar. Além de tudo, o Projeto de Reforma da Previdência apresentado pelo governo ao Congresso Nacional, penaliza ainda mais as mulheres, aumentando a idade mínima para aposentadoria e reduzindo valores dos benefícios.

Especialmente este ano, vivenciamos no Brasil, uma dupla onda que envolve o feminismo e a luta das mulheres. Por um lado, a vitória eleitoral de um presidente que representa o que há de mais retrógrado na sociedade, que autoriza discurso de ódio contra mulheres, negros, homossexuais e que criminaliza a resistência. Discursos antifeministas são homologados por muitos que, antes, talvez por vergonha, não se permitiam mais reproduzir tais bizarrices. Por outro lado, afortunadamente, a onda feminista cresce e se impõe, tal um tsunami que não permite que nos calemos diante de dados aterrorizantes de violação dos direitos das mulheres.

Hoje ocorrerão manifestações, atos públicos, rodas de conversa, greves, debates em vários locais.

Em Pelotas, as atividades começam às 13 horas. Se organize e participe.

As mulheres resistiram, resistem e resistirão. Aqui, ali, em todo lugar.







segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Roda viva


Em dezembro de 2017, encerrei minha vida como docente da UCPEL. Desde meu ingresso na Graduação, em 1995, com pequeno afastamento no período do Mestrado, a UCPEL, os alunos, funcionários e colegas, seus corredores, seus sons e silêncios, fizeram parte cotidiana da minha vida.

Vivi na UCPEL minhas maiores alegrias e as minhas piores tristezas.

Vivi meus amores e desamores. Me tornei a mulher que sou hoje. Militei pelas causas que acredito. Defendi a formação profissional presencial e de qualidade, com objetivo de transformação social em cada um dos dias destes 22 anos.
Mais da metade da minha vida, vivi na UCPEL.

Passados 2 meses da minha demissão, consigo, agora, pensar melhor em tudo isso. Consigo verbalizar que não sou mais professora da UCPEL. Difícil… “Descolar” este selo na minha apresentação de quem sou não é nada fácil. Mas, como acredito que tudo na vida tem um motivo, estou aproveitando este período para reorganizar minhas prioridades.

No final de semana, participei, como Professora Homenageada, da solenidade de formatura dos alunos da turma 2017/2. Ali, mais uma vez, relembrei cada trajetória, cada história, cada batalha daqueles alunos/colegas e lembrei, de novo, do slogan de outrora “quanta vida passa por aqui”.
Trabalhei duro para que isso nunca fosse esquecido. É com vidas que lidamos na formação. As “vidas” que passam pela UCPEL precisam ser cuidadas, regadas, protegidas… num processo maluco da roda-viva que impõe prazos, cobranças, números.

Agora estou aqui, me redescobrindo temporariamente fora da docência. Fazendo um balanço das escolhas feitas, das alianças construídas.

Aprendi muito na docência. Muito mais do que ensinei. Aprendi que não precisava ser perfeita. Que, aos pares, as dores são superadas. Que é possível e necessário remar contra a corrente, se a corrente estiver te levando para um lugar que não acreditas. E, principalmente, aprendi que a vida segue… mas que as coisas que plantamos ficam. Acredito que fiz a diferença dentro dos meus limites. E levo comigo a gratidão eterna por todos e todas que partilharam suas conquistas comigo.

No mais, desejo vida longa à UCPEL e, especialmente ao Curso de Serviço Social. Que não perca a essência: formar profissionais comprometidos com a transformação social, com as pessoas, com as vidas, respeitando os trabalhadores e trabalhadoras que fazem com que isso seja possível.


“A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá” (Chico)

quinta-feira, maio 11, 2017

Sobre ser mãe



Esta é a semana do dia das mães.

Eu sempre quis ser mãe. Desde os 18-19 anos sentia isso muito presente em mim. Sempre fui um pouco mãe dos meus amigos, dos meus pais, dos meus irmãos, dos meus namorados e do meu ex-marido. Me sentia responsável por eles, por sua proteção, alegrias e tristezas.

Cuidar dos outros e de tudo faz parte de mim. Ou pelo menos, fez. Ultimamente está mais difícil.

Mas a relação mãe e filha/o idealizada por mim aos 18-19 era aquela "perfeita". Acordar sorrindo, ir ao supermercado, passear na Fenadoce de carrinho, conversar no final do dia, acompanhar na escola, naquela distorção que a fantasia faz com a realidade, pensando que tudo vai ser uma linha linear e repleta de borboletas pelo caminho.

Não é novidade que há uma construção social do papel da mãe/mulher na sociedade, que é a que tudo pode, que tudo ama, que tudo compreende, sorrindo, chorando e se emocionando com o dia-a-dia da maternidade. Muito disso é verdade,mas é muito mais. Muito mais.

Quando eu tinha 31 anos, a Mariana chegou. Uma menina linda, amada, inteligente, desafiadora, criativa, questionadora, inquieta, carinhosa. Precisei aprender a conciliar todos os meus ideais de "mãe, "filha e "mãe e filha" com a realidade da construção destes significados. Tudo isso junto com dois trabalhos, um divórcio e alguns adoecimentos. Não é fácil.

Ser mãe é tentar preencher todos os espaços que há em nós no outro. Um desespero constante em tentar evitar que se machuque, que se magoe, que erre. Tudo isso sem ter a menor ideia de como fazer. Alimentar, trocar fraldas e dar banho, vestir e passear nos primeiros meses é extremamente desafiador e exaustivo (além de maravilhoso, óbvio), mas não é o mais difícil.

O mais difícil é lidar com o julgamento cotidiano dos outros sobre o exercício da maternidade. O mais difícil é lidar com a "formatação" que a escola, a família impõem à criança, à mãe, à família. É ter que explicar as maldades do mundo para a filha. É ter que intervir para outros colegas a respeitem por seu modo de ser. Extremamente difícil é perceber as críticas dos outros àquela que é a pessoa mais importante do mundo pra nós.

Ser mãe, na minha compreensão (e isso aplica-se único e exclusivamente a mim e ao que me cobro) é estar presente por dentro e por fora. É uma mega responsabilidade. Minha preocupação é que a Mariana seja 'do bem' e,se possível 'de boas'. Que consiga aceitar seus erros e buscar aprender com eles. Que seja forte para enfrentar as maldades do mundo. Que confie em mim e no meu amor para que eu possa acompanha-la nos melhores e nos piores momentos.

Mas o dia-a-dia tem mostrado que eu posso desejar e ajudar a minha filha nesta construção. Mas não posso garantir nada.

O que posso garantir é que, se depender de mim, estarei com ela, respeitarei suas escolhas, e a protegerei muito. E que, sempre que a necessidade de proteção for maior do que a minha capacidade, estarei aqui para rever com ela o caminho para não errar de novo.

Contudo, ser mãe é o melhor de mim. Com todos os meus medos e erros. Com todas as minhas cobranças para ser melhor (eu e ela). Com todas as nossas alegrias e sorrisos.

domingo, fevereiro 12, 2017

Novo recomeço do recomeço

Amanhã tudo volta à rotina doida da roda viva da vida.

Voltam as atividades acadêmicas da Mari e da UCPEL. Retomo as atividades no INSS. Retoma-se o corre-corre diário.

Clichês à parte, o tempo tem voado rápido por aqui.

Mariana com nove anos e humor de pré-adolescente. Contas e mais contas para pagar. Compromissos diários variados e o sentimento de que não sou dona de mim, nem ninguém o é.

Ando deveras cansada. Cansada de estar cansada.

Nem para as minhas listas que nunca cumpro ando com paciência.

Mas não sou propriamente infeliz. Só um pouco frustrada com a vida adulta.

E um tanto carente. Um colinho vó me seria bem bom. E um abraço de urso.

quarta-feira, janeiro 13, 2016

Rumo aos quarenta

Faltam 136 dias para completar 40 anos de vida.

Incrível como estou contente com essa data. Acho que vivo de forma plena todos os dias e não me preocupo, em geral, com o contar dos anos.

Mas Q U A R E N T A é número emblemático para uma pessoa, para uma mulher, em especial.

Definitivamente, 2016 é um ano em que quero colher todas as minhas escolhas. Estou aproveitando estes meses pré-40 para traçar objetivos individuais que, acredito, podem fazer com que me sinta ainda melhor nos 40, 50, 60...

Feliz com os amores que tenho perto. Feliz com meu trabalho. Querendo um novo amor. Mas pra me transbordar, não para me completar.

Enfim, venha 40 anos! A brincadeira está só começando!

domingo, dezembro 20, 2015

Postagem anual

O ano está acabando. Ano que passou voando. No limite, foi um ano bom.
Não deu tempo pra fazer muitas coisas que tinha planejado, mas foi possível deixar a tristeza pra trás e enfrentar a realidade de outro modo. Consegui escolher ter um pouco mais de tempo, saindo da docência na pós-graduação e me dedicando mais ao Curso de Serviço Social.
Precisei trocar a minha parceira cotidiana, pois a Nini seguiu outro rumo profissional. Mas a chegada da Simone trouxe alento. O pai da Mari veio morar em Pelotas e isso foi muito bom pra ela.
Consegui me envolver um pouquinho mais com os idosos do Fabiano, mas não pude seguir meu estudo. Estive mais perto dos meus amigos, me diverti, me encontrei com eles. Saí de casa muito menos do que devia. Dormi menos do que queria também. Talvez tenha dormido mais do que devia...
O Felipe nasceu e deu mais sentido à nossa vida. Cada sorriso dele é uma dádiva e a certeza de que a vida vale à pena.
A Mariana cresceu um tantão, está linda e cada vez mais querida e sabida.
Tivemos uma greve histórica no INSS e pude conhecer e me achegar mais aos colegas/companheiros cotidianos de labuta.
Resolvi uma questão complexa que se estendia há quatro anos. Comprei minha casa e me endividei por 20 anos.
Tive muitos encontros produtivos e felizes com meus alunos: oficinas, seminários, conversas de bar.
Vi a lua nascer poucas vezes, mas sempre foi demais...
Fui num show do Paralamas que foi massa! Não fui no show do Caetano e Gil porque estava carérrimo e só pago show carérrimo se for do Chico.
Tive várias festinhas aqui em casa, aniversário, churrasco, café da tarde...
Comprei um megafone novo, porque o meu estragou. Minhas hortênsias estão florindo no pátio. Enfrentei monstros terríveis aqui em casa e eles não querem saber de ir embora.
Vi estudantes ocupando escolas e mulheres lutando na rua por seus direitos básicos. Estou vendo a inacreditável indicação de um carcereiro do manicômio para coordenação de saúde mental, mas também a resistência do movimento antimanicomial e ainda vi 45 sem-terra se formando na universidade pública.
Ano repleto de contradições, como é a vida. Mas, valeu a pena. Agradeço a Deus por tudo de bom e também pelos desafios que me fazem crescer.
Venha 2016! Quero lhe usar!

sábado, dezembro 20, 2014

Cansaço e escolhas

Mais um ano se indo.

Mais um monte de coisas que queria fazer a não fiz.

Mas, no contraponto, um monte de coisas feitas entre projetos pessoais, profissionais e familiares.

O cansaço está enraizado, parece.

Os dias voam. As tarefas se acumulam e a certeza de que é preciso aprender a domar o tempo é fato consumado.

Escolher. Selecionar. Partir. Ganhar aqui. Perder ali.

Quem disse que viemos à vida a passeio?
baby